terça-feira, 27 de janeiro de 2009

E por falar em...
Sim, esse cara que tinha problemas sérios com o próprio nariz - e, infelizmente, na época dele a cirurgia plástica ainda não estava na moda -, rememoremos um dos momentos mais porras-locas da literatura universal:

“Vejam só que estória foi acontecer na capital setentrional de nosso vasto império! Só agora, refletindo bem sobre tudo, vemos que há nela muito de inverossímel! Sem falar que é realmente estranho o desprendimento sobrenatural do nariz e o seu aparecimento em diversos lugares, sob a forma de conselheiro de Estado... como Kovalióv não se deu conta de que era impossível anunciar sobre um nariz no jornal? Não quero dizer com isso que o anúncio tenha me parecido muito caro: seria um absurdo e não sou em absoluto uma pessoa avarenta. Mas é indecoroso, incômodo, indecente! Além do mais, como é que o nariz foi parar no pão assado e como é que o próprio Ivan Iákovlievitch?... Não, não entendo isso de jeito nenhum, decididamente não entendo! Mas o que é mais estranho, ainda mais incompreensível de tudo é como os autores podem escolher semelhantes assuntos. Confesso que isto é absolutamente inconcebível, parece que... não, não, não entendo em absoluto. Em primeiro lugar, não traz benefício nenhum para a pátria; em segundo... bem, em segundo lugar também não há benefício algum. Eu simplesmente não seu o que é isso...
“Mas, apesar de tudo, muito embora se possa, sem dúvida, admitir isso, aquilo, e mais aquilo, pode ser até... bem, e onde é que não existem absurdos? – E, não obstante, se refletirmos bem sobre tudo isto, na verdade, há algo. Digam o que disserem, mas tais fatos ocorrem no mundo; é raro, mas ocorrem.”


Nicolai Gógol, 1836

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