Foi tudo tão rápido
Um
canto de velhas notícias
miséria no som
nem consegui me despedir
Ele corria. Os pais na frente. Ele corria de alguns homens que o perseguiam para fazer.............................. Aliás, o simples fato dele trotar, com aquelas perninhas bambas, curtas e serelepes, apesar de no detalhe minimal parecer sublime, já era o prenúncio de qualquer coisa sem sentido. Na verdade, o simples fato dele ali estar, todo infância perdida, todo lançado aos homens, era como vestir-se pelo avesso do ninho. Os pais contavam com ele. Eram bons pais – peruanos. Eu não queria comprar nada. Estava curiosa, pensativa, toda sorrisos, LOL, perambulando pela Paulista paulistana. Essa gente que chega em comboios de lá para cá. Uma família muito bonita, especialmente ele. Agradável a mãe. Eu conversava, querendo entender o que os haviam atraído à magalópole magalomaníaca. E foi a vez dela dar as caras: a megalomania. Ao longe, vindos do MASP, despontaram aqueles vultos de homens uniformizados e, quando eu dei por mim, os pais já tinham partido a galope levando as tralhas na mão, enquanto Luiz Fernando (com o qual os pais realmente contavam) carregava o resto das bijus, preocupado, ofegante, o mais veloz que podia e, ficando um tantinho para trás (que lindo!..), dobrou a esquina sozinho, trôpego, pezinho-ante-pezinho, eximindo-se do risco. Que risco? Um projeto de gente, 3 ou 4 anos. Um fofo. Uma criança. Para ele, uma brincadeira? Para ele, a vida. Fiquei pensando que talvez eu devesse correr também. Fiquei pensando: esses guardinhas dos infernos deveriam subir em um pica-deiro! Enfim, sei que foi uma das cenas mais grotescas que vi em SP desde então.
- Eis, finally, a pergunta que não quer calar: por que somos tão apegados à porra nenhuma e, à beira do ocaso, quando chega a guarda municipal tocando o pseudo-terror (e famílias inteiras de vendedores ambulantes, como ratos, batem em retirada), só nos resta salvar a nossa própria pele lambuzada de óleo de amêndoa?
- Solução para palhaçada: rir. Rir muito. Rir até que as mandíbulas comecem a doer. Rir até que todos comecem a rir em uma grande gargalhada coletiva, sem precedentes na história, e o mundo pare – como os carros param no sinal vermelho e, por fim, as pessoas de bem possam atravessar a rua em paz (acho que alguém já disse algo parecido). Ou não. Não importa.
terça-feira, 31 de março de 2009
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