sexta-feira, 3 de abril de 2009
Desencontro
A exacerbação da cidade grande, da megalópole, de São Paulo, me perturba. O desencontro por aqui urge. Ninguém nas ruas. Só aquele mendigo punk (de moicano e o cacete!) que tem um cachorro, um sobretudo e lambe restos de sorvete na lixeira. Sempre vejo esse cara. Mas quando por algum motivo decidir procurá-lo não vou achá-lo. Não encontro ninguém por aqui caminhando pelas ruas. E, ao que tudo indica, a tecnologia só tornou as pessoas ainda mais ausentes, isoladas, já que as reações não precisam mais ser imediatas, no tête-à-tête, o que gera uma certa acomodação. Não gosto de nada disso. Conheço uma porrada de gente aqui mas é como se não conhecesse ninguém. Horizontal isso. Estranho. As pessoas somem no rastro de seus próprios umbigos. É preciso que haja uma resistência ao sumiço alheio. É preciso forçarmos a possibilidade do encontro, da comunicação, da comunhão, do entrar em comum no espaço do acaso, do de repente, onde quer que seja. Isso é tão humano – o encontro. É tão bom “encontrar”, tão essencial. Descobri que sou do interior: preciso verticalizar. Verticalizar o encontro que anda pra lá de superficial. Eis o que torna a cidade opressiva: o desencontro.
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