(Deformados, desarmados, encharcados de tanto choro. O instante. Não há nada (absolutamente nada) a dizer. Nunca houve, na verdade. As palavras não docilizam o amargo da dor. Essa dor impenetrável às palavras que tudo desejam manipular, domesticar, compreender. A dor nunca foi um corpo dócil, inteligível. A dor não cabe nesse “humano” que inventamos e, agora, já não há o que entender. As palavras não dizem nada, nada do que seria tão imprescindível dizer nessa hora que passa, bruta, quer queira quer não.
O tempo varre, vara, desvaira, sibila em meio ao sol a pino, segue adiante, enquanto tudo desmorona na esteira desse passo, implacável, sem volta, sem concessões. Vemos flores, grama, lápides. Espezinhamos. Nos cutucamos, calados, entreolhares. Entre abraços, entre lágrimas, o tempo arregala o destempero – e não para. Ninguém diz uma só palavra. As palavras nada dizem, afinal. As palavras não nos servem de nada. Vai menina linda... Vai criança amada. Ninguém entendeu nada. Vai em paz...)
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