terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Sobre ele

"Mesmo que você fuja de mim
Por labirintos e alçapões
Saiba que os poetas como os cegos
Podem ver na escuridão"

(letra do Chico, voz do Edu e piano e "laialaaaa" do Tom)



Você pode até mudá-lo. Deslocá-lo de um lugar para o outro, como quem troca os móveis da sala para o quarto. Mudá-lo, por exemplo, do mar tempestuoso da paixão para um ambiente mais sóbrio, plácido, low-fi – familiar, eu diria. Ou resgatá-lo da prisão e devolvê-lo a seu habitat natural: o ventre da liberdade. Por outro lado, não pode transformar suas propriedades intrínsecas, seu DNA, digamos assim, por mais que ele eventualmente lhe inspire medo. Você pode – e deve, algumas vezes – enterrá-lo, triturá-lo, baleá-lo com uma pistola sem qualquer misericórdia. Mas como ele pertence à esfera do abstrato, baby, do incorpóreo e atemporal, não adianta. Ele sairá incólume, sem um arranhãozinho sequer, quando, na verdade, na verdade, a baleada foi de fato a pobre da esperança. Essa, por mais guerreira que seja, é possível exterminar de vez, veja você, sem deixar pedra sobre pedra. E muitas vezes é ela, inclusive, que morre no lugar dele (não se engane!), não ele. Ele não é o objeto, nem tampouco o sujeito. Ele “é” – independente e simplesmente. Muitos outros, a bem dizer, adoram se fazer passar por ele. Como depois, no entanto, o troço passa – e passa a graça e passa o trem e passarim –, esses bastardos são infalivelmente desmascarados. E esquecê-lo, pode? Claro, como quem esquece uma carta enfurnada na gaveta. Ela continua lá. Mas não se avexe não: o coração tem lugar para montes deles, e nem se sabe ao certo quantos, mas dizem que a soma beira o infinito.

Ele é eterno – ou a própria eternidade. E não é à toa que Deus, esse magnânimo e polêmico ser (acredite você ou não), roga para si o direito de sê-lo: o AMOR.

Love is forever!

É cafona assim mesmo.
Como já dizia o Fernandinho: é ridículo (!).

4 comentários:

O Clavicêmbalo disse...

Que seja ridículo enquanto nos fizer sorrir. Como quem se ri de uma criança descobrindo a consistência de seu corpo pelo espaço. Num tombo. Numa carreira avante, livre, descompromissado com a razão. Inconsequente, lúcido por fim, de uma sensação de estranhmento experimentada nos sonhos. E efêmera. Como tudo o que se sabe belo. Muito bom o texto!

Luiza Gannibal disse...

Oi Estevão! Muito obrigada!... Apareça sempre. A gente se fala por aí, pela rede! Bjs e boa virada!

O Clavicêmbalo disse...

boa pra vc tambem.

olha só minha palavra de validação!
rsrrs

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Luiza Gannibal disse...

Xiiiii... meu. Não consegui abrir o link. O q é? Agora fiquei curiosa. rsrsrs. bj.